segunda-feira, 14 de novembro de 2011

QUADRO SEGUNDO

segunda-feira, 14 de novembro de 2011
ANATOMIA
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          A poesia obedece a uma sequência. Não é uma sequência visível ou predisposta, lógica ou ponderável... nem mesmo é concebida.
          Ela, a poesia, surge como um rebento, como um broto. Irrompe de um lugar ignorado e, de repente, a ele retorna, mas, depois, em um momento qualquer, sem motivo justificável, voltar a surgir.
          Ressurge como se pela primeira vez, por isto ela não é nova nem é velha, antiquada ou inovadora, ela apenas e simplesmente é.

I - ARLEQUIM VERMELHO
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Eu obedeço ao mandamento
Que faz o homem ser feliz;
Erguer a casa sobre o vento,
Nessas manhãs de chafariz.
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Voar às vezes numa estrela,
E ao mais leve desencanto,
Sair às noites pra revê-la,
E nunca mais deixá-la tanto.
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E de assim ter como metas,
Uma só meta e mais nenhuma
Que as manhãs são incompletas
Se a gente a elas se acostuma.
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II - ALÉM DO QUE
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Pra além da estrela intermitente
De tudo quanto enfim se vê
Existe a coisa inexistente
E o quase nada que se crê.
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Pra além da forma da redoma,
Imensa bolha que me envolve,
Que me transforma numa soma
Na equação que não resolve,
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Existe um algo, um paralelo
Uma canção, quem sabe a nota;
A aguda nota de um martelo
Que não existe nem se esgota...
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III - ESGUIO
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A linha mestra de meu rumo
Ficou suspensa por um nó...
Nó desatado e sem prumo
No cadafalso de um cipó.
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De minhas coisas, me perdi
E por um motivo ignorado
Na caixa velha que abri
Eu nada cri ter encontrado.
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Assim me vejo como veem
Em mim os outros como são
Na linha esguia que os mantém
No nada ser desta ilusão.
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F.T.Oliveira

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